A internet provocou mudanças radicais em todas as esferas da vida. O universo digital se consolida como um ambiente de interação, relacionamento e consumo, impondo novas maneiras de se relacionar, se comunicar e, claro, consumir. Possibilita também a identificação de tendências e mudanças no comportamento das pessoas de forma muito mais veloz. Para os pesquisadores, ela serve de campo de observação da realidade, um verdadeiro banco de dados do comportamento humano à disposição e em tempo real.
Veja abaixo alguns dados apresentados no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa de Mercado, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, sobre as mudanças que a internet gerou no comportamento do consumidor:
A web mudou o comportamento das crianças brasileiras de 4 a 12 anos. Elas são as que mais acessam a internet no mundo, segundo pesquisa realizada pela Millward Brown Brasil em 12 países. Aqui, elas passam 13 horas conectadas principalmente jogando on-line. Com a web, as crianças se tornam multiplataforma e superconectadas. O desafio das marcas é chamar atenção delas com uma experiência divertida.
O estudo brasileiro envolveu oito grupos de discussão, formados por mães e crianças das classes ABC. Hoje, o brinquedo divide espaço com a internet e com o celular. O diário virou blog e não são mais os pais que escolhem o que as crianças compram, mas elas próprias. Assim como a TV, todos querem ter o seu computador no quarto, o que na classe C é aspiracional. Quando o assunto é rede social, os pré-adolescentes são a maioria por a utilizarem como convívio.
Branding digital
A internet ganha também um papel cada vez mais importante na construção de marcas. “É o que chamamos de círculo virtuoso do branding, onde consumidores digitais são mais jovens, mais bem informados, pesquisam mais e compram mais pela web. O conhecimento sobre marcas os tornam influenciadores de outras pessoas. Por isso, vale a pena investir neste consumidor”, afirma Valkiria Garré (foto), Diretora Executiva da Millward Brown do Brasil.
Os adolescentes estão buscando jogos, redes sociais, músicas, vídeos e mensagens. Já os adultos estão em busca de notícias, basicamente. Pesquisa feita pela Millward Brown do Brasil aponta para um relacionamento entre adolescentes e marcas baseado em roupa, tênis e tecnologia. “Apesar de extremamente ativo na web, o jovem tem dificuldade de falar de propaganda na internet. Tanto positiva quanto negativamente”, diz Valkiria.
Assim como os mais jovens, os adultos também procuram marcas na web após verem uma propaganda na TV. Como a Coca-Cola, por exemplo. O estudo mostra que 13% dos internautas descobriram a marca de refrigerantes na internet por meio da TV. Outro dado interessante é de que, tanto adultos quanto jovens, pesquisam preços na web e compram na loja por motivos de segurança.
Etnografia Digital
A chamada Etnografia Digital também ganha força e se percebe que as mulheres da classe C que acessam a internet ganham uma nova vida digital. É o que indica a pesquisa desenvolvida pela Predica e pela Multifocus com mulheres, donas-de-casa, de 25 a 49 anos, de São Paulo. Quarenta por cento delas passam mais de duas horas conectadas por dia, sendo que 83% acessa a rede todo os dias, principalmente a tarde. O estudo mostra os hábitos de navegação e indicam a preferência por sites de relacionamento (44%), informação (38%), entretenimento (10%), compra on-line (6%) e serviços (2%).
Durante 11 dias de levantamento, o estudo apresentado por Claudia Woods, diretora de inteligência e Marketing da Predicta, registrou 94.250 acessos e 2.700 links diferentes. A internet reflete uma mudança de hábito das mulheres. Trinta e três por cento delas a utilizam como passatempo melhor que a televisão, 78% se sentem mais globalizadas, 15% chegou a se dizer mais inteligente e 26% se sentem seguras em comprar on-line. Elas ainda participam de redes sociais (94%), acessando principalmente o Orkut.
Estas mulheres também vão ao banco virtualmente (23%) e acabam migrando seus hábitos de consumo para o ambiente on-line, principalmente com relação a mídia, pois 66% delas estão lendo menos jornais, 61% assistem menos a TV e 54% ouvem menos o rádio. Na hora de comparar preço, mais de metade (60%) afirmou que não gasta mais sola de sapato indo às lojas, fazendo a comparação on-line.
Pesquisa on-line
Para as empresas anunciantes na web, duas ótimas notícias: 55% lembram de propagandas on-line e 32% delas já participaram de promoções pela internet. Na hora de comprar, 63% buscam informação de produtos nos sites das empresas e 12% publicam suas opiniões sobre uma marca em fóruns e comunidades.
E a pesquisa pela internet? Avaliar comunicação e fazer pré-teste de campanhas pela internet dá o mesmo resultado que presencialmente, é 50% mais rápido e até 20% mais barato, aponta a GFK Brasil. Um estudo feito para a marca Elsève serviu de caso de sucesso para mostrar que o formato de pesquisa deve e precisa evoluir, assim como a comunicação e o consumidor mudaram nos últimos anos.
Alguns mitos caíram por terra. Da mesma forma que no ambiente tradicional, a pesquisa pela internet está sujeita aos mesmos vieses que a tradicional. Apesar do perfil dos respondentes na web ser mais jovem e com maior poder de consumo, pode-se segmentar a base amostral, tamanho e o acesso ao consumidor on-line hoje. E a riqueza das respostas, é boa? “Não é porque está on-line que terá uma resposta pobre. É possível ter um material de qualidade pela internet”, aponta Cristina Jensen, da GFK.
Fonte: Mundo Marketing
quinta-feira, 8 de julho de 2010
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